"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Pelo retrovisor

Pelo retrovisor da existência vejo vultos que me acenam imoblizados num passado sem volta. À medida que meus passos avançam para onde não me interessa saber, torna-se cada vez mais nebuloso o caminho que ficou para trás. Despeço-me dele e da bruma que o estanca. É sempre difícil partir, mesmo quando não há outra escolha. A estrada é sinuosa, sem sinalizações que indiquem o que há para além das próximas curvas. Não tenho roteiro certo, é a estrada que me leva agora. Sinto um certo cansaço dos roteiros. Felizes os que sabem para onde se dirigem, os que caminham de mãos dadas, os que não se prendem a caminhos passados. Felizes aqueles que anseiam por chegar. Felizes também os que, mesmo sem rotas planejadas, direcionam seus olhares não para trás ou para a frente, mas para os lados. Entre uma ponta e outra do caminho deve morar a vida. E, certamente, os distraídos de rotas devem cumpri-la melhor. Em alguns trechos do caminho já estive distraída como eles, em outros já vivi as expectativas das chegadas. Mudam as estradas, muda a velocidade dos passos, mudam os sonhos e as saudades. Agora, aqui, é a estrada que me leva. E sinto que só despregarei os olhos do retrovisor quando a distância retirar do campo de visão tudo aquilo ficou para trás e ainda se faz ver, mesmo em imagens borradas.