"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

O tempo, esse implacável

Há anos atrás, uma frase chamou minha atenção, no livro Mutações, de Liv Ulmann:
"Por que o tempo é tão implacável, roubando-nos as oportunidades, se não somos suficientemente rápidos para agarrá-las?"
Ah, o tempo, esse maldito!... Sempre roubando a cena. Mais do que isso, roubando-nos de nós mesmos. A frase soou como uma pancada e ecoa até hoje em cada um de meus movimentos, mas, principalmente, em cada ausência deles. Há mesmo esse "timing" nas 'acontecências' que deve ser observado. Se nos precipitamos, corremos o risco de errar e assustar. Se demoramos demais, o tempo das realizações pode escapar, esfriando a vida e os desejos. Esse "feeling" para o tempo certo do acontecer é um cabo de alta tensão no meio do escuro.

Quantas histórias ficaram perdidas ou deixaram de ser contadas? Quantas mágicas não foram quebradas? Quanto não se deixou de viver, dizer ou ser? Tudo por causa dele, do tempo, do maldito. Mas os humanos não aprendem, sobretudo os emocionalmente afetados. Ou avançam demais, tentando ultrapassar o tempo, ou procrastinam todos os gestos para não errá-los, e aí são ultrapassados por ele.

Por falar nisso, que dia é hoje? Que horas são? Será que já é hora? Será que já passou da hora? É tarde demais? Ainda é cedo?

A respeito do tema, veio-me à lembrança agora, um poeminha que fiz, num tempo em que respeitava a poesia - sim, porque hoje brigo com ela. Acho que ele ilustra bem essa ideia do "tempo exato". Seus últimos versos eram:

Dói, desejo meu...
Dói a desejar
A possibilidade do encontro,
Que virá, ou não virá.
- Não importa.
Pois que o tempo do encontro
Chega sempre antes ou depois
Do tempo de desejar.