"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Mas eu não nasci para competir...

Lembro que, quando adolescente, nunca me sentia bem fazendo esportes, onde alguém tinha de perder para que eu ganhasse. Era obrigatório o vôlei nas aulas de Educação Física. E eu detestava aquilo. E continuo a detestar. Ao contrário do que prega a sociedade dos nossos dias, não consigo me sentir tentada à prática de atividades competitivas. Faço aqui uma ressalva, no que tange ao meu papel como torcedora do Flamengo. Aí é um caso à parte, porque sou flamenguista por razões puramente sentimentais. Gosto mais da paixão rubro-negra do que do jogo em si. Mas, voltando à questão da competição, muito cedo percebi que não corria em minhas artérias o sangue da disputa. Se tenho de jogar contra alguém ou contra algo para conseguir triunfar, já perco o tesão. Sou amante das gerações espontâneas e naturais. Nada de forçar a natureza ou de humilhar o adversário. Até porque não me agrada a ideia de ter adversários.

Mas aí vem um e desenterra Darwin, argumentando que a sociedade apenas reproduz o processo de seleção natural: os melhores sobrevivem. Agora vejamos: melhores em quê? Na compleição física, orgânica? Do ponto de vista biológico, faz sentido. Mas do ponto de vista humanístico, tenho muitas dúvidas sobre se é necessário mesmo competir para sobreviver. Não gosto de ver a vida sob a ótica do jogo.

Esse verbo competir é tão sem-vergonha que o ouvido chega a estranhar sua conjugação na primeira pessoa: "eu compito". Soa terrivelmente mal. Mas é tudo o que pregam lá fora. É a mídia, a cultura, os profissionais da saúde, os centros estéticos, as academias, as instituições financeiras, o mercado de trabalho, a tecnologia, até o amor. Todos dizem: competir!

Não gosto. Não gosto de competir porque não gosto da ideia de que alguém se derrota com as minhas vitórias. Gosto mesmo é do empate. Eu não sei se vale a pena ser um "vencedor" num mundo tão inóspito e tão desigual de oportunidades. Questiono quem é o perdedor e quem é o vencedor nessa loucura padronizada e imposta. Vamos tentar o raciocínio inverso: será que perdedor não seria aquele que precisa dar nó em pingo d'água, fazer das tripas coração, sacrificar o sossego e a paz para "provar que é bom e merece ser amado"?

Pois então... Além de eu ter essa preguiça contemplativa básica, de ser aversa às adrenalinas das disputas, não vou competir com ninguém para ser amada, valorizada e blá blá blá. Tá bom do meu jeito, a vida que tenho me basta. Estou em paz comigo assim, evoluindo sem precisar competir. Superando apenas os meus próprios limites, mas sem fazer de mim a minha própria adversária.