
Mas aí vem um e desenterra Darwin, argumentando que a sociedade apenas reproduz o processo de seleção natural: os melhores sobrevivem. Agora vejamos: melhores em quê? Na compleição física, orgânica? Do ponto de vista biológico, faz sentido. Mas do ponto de vista humanístico, tenho muitas dúvidas sobre se é necessário mesmo competir para sobreviver. Não gosto de ver a vida sob a ótica do jogo.
Esse verbo competir é tão sem-vergonha que o ouvido chega a estranhar sua conjugação na primeira pessoa: "eu compito". Soa terrivelmente mal. Mas é tudo o que pregam lá fora. É a mídia, a cultura, os profissionais da saúde, os centros estéticos, as academias, as instituições financeiras, o mercado de trabalho, a tecnologia, até o amor. Todos dizem: competir!
Não gosto. Não gosto de competir porque não gosto da ideia de que alguém se derrota com as minhas vitórias. Gosto mesmo é do empate. Eu não sei se vale a pena ser um "vencedor" num mundo tão inóspito e tão desigual de oportunidades. Questiono quem é o perdedor e quem é o vencedor nessa loucura padronizada e imposta. Vamos tentar o raciocínio inverso: será que perdedor não seria aquele que precisa dar nó em pingo d'água, fazer das tripas coração, sacrificar o sossego e a paz para "provar que é bom e merece ser amado"?
Pois então... Além de eu ter essa preguiça contemplativa básica, de ser aversa às adrenalinas das disputas, não vou competir com ninguém para ser amada, valorizada e blá blá blá. Tá bom do meu jeito, a vida que tenho me basta. Estou em paz comigo assim, evoluindo sem precisar competir. Superando apenas os meus próprios limites, mas sem fazer de mim a minha própria adversária.