"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

A esp'rança é um dever do sentimento

A esp'rança é um dever do sentimento (Fernando Pessoa)

Não costumo dar tiros mortais na esperança alheia. Por mais inexequível que uma situação me pareça, por mais que ouça histórias de realizações improváveis, não tenho o direito de apagar a última chama de quem pouco tem ao que se apegar. Longe de mim deixar alguém na total escuridão. O escuro é um lugar feio, onde muitos só sobrevivem a partir de uma última fresta de luz - a esperança -, independentemente de futuras concretizações.

A esperança é o alimento do desesperado, a possibilidade de fortalecimento dos temporariamente frágeis, uma filha que as incertezas devastadoras são levadas a gerar para que a alma não morra.
Assim, quando estou diante algum coração aflito e quebrado, sempre assinalo que a força interior é capaz de modificar cenários e enredos, até mesmo os mais imobilizados. Sempre aceno com as possibilidades apaziguadoras que moram no futuro.

Se esta esperança que não matei vai morrer ali adiante, se vai se transformar em realidade, ninguém sabe. Mas não é o mais importante. O importante é que sua ausência, num momento indevido, torna impossível o sossego da alma. Sem ela, fica impossível caminhar. E é preciso caminhar.

E, quem sabe se, ao caminhar, novas e melhores histórias não vão tomando o lugar daquelas outras que não se realizaram? Quem sabe se, ao caminhar, a esperança não cumpra o seu papel transformador, e aquilo que parecia impossível possa ser tocado? Quem sabe? O importante é que, de uma forma ou de outra, teremos sido salvos por ela, a esperança, que é um dever do sentimento. Obrigada por esta, Fernando Pessoa!