"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Nós e nós mesmos

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No final, somos nós e nós mesmos. No início também. Nos intermezzos, apenas distraímos a inevitável solidão de existir, com um encontro aqui, um desencontro ali, histórias, memórias, paixões, castelos de areia e cristais. Vamos acontecendo, nós e nós mesmos, entre uma canção e outra, entre sonhos e pesadelos, deixando por este desconhecido caminho chamado vida suores, lágrimas e outras secreções orgânicas. Sempre nós e nós mesmos, ocultos, impedidos de contrapor à luz o que de real, real mesmo, existe nos subterrâneos. Talvez o que há por dentro não seja mesmo tão real, por isso se torna instransmissível. E tentamos, tentamos, tentamos transmitir muitas vezes o que nem sabemos. Tentamos ultrapassar a epiderme, as mucosas, o peso, os ossos, as veias e caminhar para o outro com os recursos possíveis: palavras, beijos, um grito, um gemido, um gesto, um toque, um presente. Ilusões. No fundo, somos nós e nós mesmos, em nossa existência secreta, que, quanto mais grita, mais silencia o seu próprio mistério, que talvez só um vinho desvende durante o breve momento de sua entorpecência e logo depois esquece, porque, no final, somos nós e nós mesmos, sombras companheiras, agradáveis para uns, insuportáveis para outros.