"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Desconstruções

É... As pessoas saem de dentro da gente. Pelo tempo possível, tentamos segurá-las em nossos interiores, com alguma incrédula esperança de que elas não vão desabitar a nossa geografia; de que haverá um salvo-conduto ou uma razão que justifique mantê-las vivas e pulsantes em nós, tal qual sua antiga imagem no retrovisor da história. Passeamos por um sem número de ideias, hipóteses, concessões, explicações que possam evitar a desconstrução desses retirantes acidentais. Mas sabemos que é só uma questão de tempo. E essa saída do outro em nós é tão inóspita que não depende nem de nós, nem de quem sai. Acontece à revelia, muitas vezes ao ponto de nem sequer nos permitir lembrar quando o corte epistemológico ocorreu.

E assim as pessoas se vão do nosso pequeno universo sem perceberem, da mesma forma que não percebemos o momento em que o seu vazio se instaurou de vez. Damo-nos conta de que seu lugar não anda habitado quando nos surpreendemos sem fazer perguntas ou procurar respostas sobre os movimentos ou, muito mais provavelmente, sobre a ausência de movimentos que, decerto, determinou o exílio. Segue-se um lamento e, posteriormente, uma rendição final ao fato. Nada mais a fazer.

Não, pessoas não são substituíveis, é o que penso. Mas encontros sim. E sempre haverá novos encontros, novas chegadas, novas partidas e, até mesmo, novos reencontros. A vida não se imobiliza. E também tem aqueles raros personagens que hão de permanecer para sempre na bagagem de nossa existência, transcendidos e imortalizados.

Aos que ficaram, o meu eterno agradecimento pela solidez e grandeza do encontro "marcado". Aos que se deixaram partir: "Bon voyage" pelos caminhos invisíveis por onde não andarei.