"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Para quem está de saída

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Melhor não sair à francesa. Os franceses podem ser "très sofistiqués" em seu "savoir vivre", mas em matéria de saídas são um verdadeiro desastre. Melhor sair à brasileira mesmo; de preferência, com todas as letras e de cabeça erguida.
As formas de saída podem agravar ou atenuar o suplício das partidas. Não devemos bater a porta com força nem tampouco deixá-la entreaberta. Bater a porta com força nos torna ofensivos, deixá-la entreaberta nos torna covardes.

É, eu sei que não é fácil fechar a porta direitinho. Mas, saindo de maneira correta, ainda é possível preservar na memória o melhor do que foi vivido por detrás da porta que se fecha e permitir futuros reencontros, sob novas formas.

Aquele que fica provavelmente não há de merecer as fugas mal engendradas nem as incertezas que geram os verbos não pronunciados. É preciso dizer por que estamos saindo, pois é assim que libertamos o outro do fantasma das dúvidas, que tanto desassossegam a alma.

Aquele que parte deve fazê-lo em transparência, sem temer as consequências de seus movimentos, já que ninguém é obrigado a aprisionar-se no outro. E, certamente, esse outro há de compreender o movimento de saída, se a porta for fechada de maneira correta. Palavras resolvem tudo, por mais difícil que seja a pronúncia de algumas delas. Sua ausência, no entanto, pode ser mais ofensiva do que uma agressão física, por vezes.

Então, fechemos as portas da maneira certa, da maneira digna. Sem medos ou hesitações. Com todas as dores ou saudades antecipadas, mas com a integridade do nosso ser, com o rosto sob a luz, para que aquele que fica possa nos ver, nos compreender, e até mesmo ter a oportunidade de um adeus decente e o benefício de alguma eventual claridade que entra pela fresta da porta. E nada de fugir pela janela, porque aí a coisa piora.