"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Bela Adormecida pós-moderna

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Era uma vez uma princesa urbana, sem reino e sem súditos. Como nos contos pós-modernos não há bruxas perversas ou poções mágicas, a nossa heroína não foi amaldiçoada por nenhuma velha feia com verruga no nariz. Mas havia um príncipe. Ela encontrou um príncipe, que não galopava em cavalos brancos, não fazia o gênero garboso, nem muito menos era um modelo de virtude. Ao contrário, o nobre rapaz era dado a crises existenciais e tomava lá seus pileques. Foram felizes por algum tempo, graças a uma ajudazinha da fluoxetina. O príncipe sempre voltava para a sua amada princesa depois de épicas lutas ou noitadas na Lapa. Até que um dia partiu e não mais voltou. A princesa esperava em vão todas as noites na varanda por seu amado. Nenhum recado no celular turbinado e multitarefa, nenhum email, nenhuma notícia sequer. Cansada de esperar, adormeceu para não sofrer. A fluoxetina já nao resolvia, porque ela se recusava a ser feliz sem ele. Adormeceu para não ver nada crescer ou se modificar à ausência de seu príncipe. Adormeceu sua alma e se trancou no pequeno castelo, ao som melancólico do Cold Play. Adormeceu, à espera de ser despertada um dia pelo beijo de amor que lhe devolveria a vida. Se o príncipe voltou e despertou a Bela ou não, fica por conta do leitor. Não sou eu que vou empatar o final feliz de ninguém. Caso optem pelo final feliz, tomem cuidado com o batom da princesa, na hora do beijo, para não estragar a fotografia impecavelmente editada em Photoshop.