"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

Palavras


Ah, se eu pudesse ser irresponsável com as palavras, desferi-las ao vento, a quem bem entendesse e a qualquer momento... Deixá-las à vontade, despidas de qualquer pudor, libertas de qualquer nexo ou coerência, mantidas à maxima distância possível da instância cerebral, que é onde o "bom comportamento" se processa. Mas não... Tenho que enchê-las de razão e de cuidados, porque sei de seus poderes; sei que, uma vez proferidas, não mais voltarão à minha boca. A palavra imprudente pode criar um caos - seja em quem a emite, seja em quem a recebe. Pior, pode criar paraísos inexistentes, impérios que terminam logo ali, sensações que fogem ao controle e erros, muitos erros em sua tradução aos sentimentos.

Tudo se faz com palavras, e tudo se desfaz com elas. Banalizá-las ou silenciá-las, eis a saída. Banalizar é medíocre, mas inócuo, porque usamos muitos verbos para dizer nada. Silenciar pode ser mais grave, porque há silêncios que são capazes de dizer tudo sem verbo algum. Porém, a banalização e o silêncio  têm em comum a proteção do verbo maior: sentir. E é isso que me impede de ser irresponsável com as palavras: a preservação do sentir - do meu próprio e do meu interlocutor (ou leitor).