"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

O passado é um templo sagrado

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Como boa aquariana, não dou dada a fustigar o passado. Não porque o despreze. Absolutamente, é justo o contrário. Não o revolvo para que nada fique desarrumado em seu altar. O passado é um templo sagrado. Revisitações implicam o risco de uma nova leitura, possivelmente menos grandiosa. Tenho um solene respeito pela estrada pregressa, incluindo suas partes sombrias, incluindo as feridas e desacertos que encontrei ao longo do caminho que me trouxe até aqui. Tudo valeu, tudo foi elevado à condição de mito. Não fico por aí procurando antigos personagens ou recantos de minha história. Temo, com isso, banalizar sua importância. E, se por alguma coincidência ou obra do acaso, os reencontro, morro de medo. Morro de medo de conspurcar a história que escrevemos juntos, história que o tempo sacralizou. Rever lugares ou personagens do passado, no fundo, é como assassinarmos, por um lado, uma saudade que não morre, e, por outro, parte do encanto e mistério que a vida esconde.

Sei que, no final, nada muda tanto assim e as essências se preservam. Mas essências são essências e existências são existências. Se o tempo não interfere muito naquelas, nestas ele é determinante. Sartre devia estar certo ao dizer que a existência precede a essência.