"Por quê?"



"Por quê?" - Não faça desta pergunta uma arma, a vítima pode ser você!

13 de ago. de 2010

A dor é a saudade do riso

Todo drama nada mais é do que a saudade do riso. Só que o drama costuma tomar proporções gigantescas, assumir um aspecto folhetinesco, exagerado. Parece até que as dores são providas de importância e seriedade maiores do que aquelas que uma alegria contém. Mas não é bem assim, creio. Quando doemos, estamos sentindo falta de momentos felizes, despretensiosos e simples. Falta desses momentos que, quando irrompem, parecem ser feitos de pequenas dimensões porque estamos ali distraídos e ocupados demais em vivê-los para prestarmos atenção no seu tamanho ou tentar explicá-los. Pois ouso afirmar que o riso é a grande dimensão da existência, é onde nos libertamos e exercemos nossa função principal (viver em prazer), já que investimos nele o melhor de cada sentido vital.

Se as dores parecem mais hiperbólicas é porque, talvez, seu eco reverbere mais polifonicamente dentro de de nós. E tal ocorre porque, para senti-las, há prejuízo e descompensação dos sentidos, que se apresentam bem longe de sua plenitude e muito voltados para dentro, saudosos de passados ou medrosos de futuros.

Portanto, o que eu teria a dizer aqui e agora é: investir na alegria e no riso, investir na leveza de ser, trocar luminosidade com o outro. Há sempre um lado engraçado de se ver a vida, até mesmo a partir dos nossos próprios erros e ruínas. A comicidade pode ser algo muito mais sério do que se possa supor. Então, a palavra de ordem é "sair em busca do riso" sempre que possível.

Nem sempre é possível, bem o sabemos. Não somos hienas ufanistas, tampouco o riso cabe em todas as horas. Mas também não chamemos pelas dores, colocando sobrecargas desnecessárias nos acontecimentos. Elas têm uma capacidade invejável de se apressar em chegar, sempre que as chamamos.

Investir no riso e reinventar momentos de alegria é a grande arte. E não é uma arte menor, ao contrário do que possa parecer. O réquiem trágico de uma dor não canta senão o desejo de repetir os dias de simples e despretensiosas felicidades.