Desejei que fôssemos uma espécie de porto seguro um para o outro, em meio a esses mares revoltos, cada um a seu tempo, e não o tempo todo, porque navegar é preciso e mergulhar fundo também...
Desejei que fôssemos loucura e razão, mas de forma intermitente, porque essas duas senhoras não podem andar juntas, gerando atritos e incertezas, falando a um só tempo...
Desejei que fôssemos fúria e ternura, Eros e Psiquê - metade imortal, metade mortal -, poesia e prosa, inocência e sensatez, porque o pleno é feito de contrastes...
Desejei que fôssemos o que não nos importa saber, um encontro sem rótulos mas de sentimentos e sensações verdadeiras - e não verossímeis -, porque a liberdade não mente...
Desejei que fôssemos simplesmente eu e você, acontecendo num hiato de tempo possível, entre o imaginário e o real...
Desejei que passeássemos de mãos enlaçadas, no tempo das contemplações, o tempo de enfeitar, de criar, de voar... Mas não houve esse tempo.
Então entendi que havia um problema de espaço entre nós. Nos jardins de suas trincheiras não sobrava lugar para mim e meu pequeno girassol...
Assim não fosse, tudo valeria a pena.
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